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Chefs equatorianos visitam BH e se conectam a comida mineira

A convite do Pacato, chefs do Nuema, primeiro restaurante do Equador a entrar para a lista dos melhores da América Latina, conhecem a capital mineira pela primeira vez


O casal Pía Salazar e Alejandro Chamorro do Nuema desembarcaram no Brasil neste mês com ingredientes da biodiversidade equatoriana para cozinharem nos restaurantes Evvai (SP) e Pacato (BH).

Imagem: Nuema/divulgação


Conhecer e experimentar a gastronomia de um destino é uma das formas mais fiéis de também conhecer a cultura de um lugar. No caso do Equador, país reconhecido por ter uma das maiores biodiversidades do mundo e que abriga a maioria das espécies do planeta, a comida é um reflexo desse ecossistema.


De lá, o casal Pía Salazar e Alejandro Chamorro ganharam destaque com a gastronomia por meio do Nuema, restaurante que fica em Quito, eleito o melhor do Equador e o primeiro a entrar na edição latino-americana do prêmio “50 Best 2022”, na 24ª colocação. E, pela primeira vez, conheceram Minas Gerais a convite do restaurante Pacato, que realizou um intercâmbio gastronômico em um jantar especial comandado ao lado do chef Caio Soter.


Na mala, Pía e Alejandro trouxeram insumos nativos que guiam a cozinha do Nuema, mas não só – o ingrediente principal da visita a BH foi a expectativa de conhecer Minas Gerais pela primeira vez. Aliás, foi praticamente a primeira oportunidade de aprofundar no país, já que a única passagem por aqui foi rapidamente em outubro de 2022, durante o Porco Mundi, projeto que reúne chefs latino-americanos tendo a carne de porco como protagonista. O desejo de conhecer culturalmente o Brasil é de família – inclusive, Martín, de 19 anos, um dos filhos do casal, é admirador de música brasileira e menciona o Clube da Esquina como inspiração.


Os chefs se orgulham e valorizam os produtos regionais de cada cidade do Equador. Tudo é produzido seguindo o ritmo das estações e prestando especial atenção à rastreabilidade dos ingredientes que utilizam. Talvez justifique a escolha do intercâmbio com o Pacato, que preza por uma “cozinha de quintal” e ingredientes de origem.


A biodiversidade vegetal daquele país reflete em pratos surpreendentes que valorizam insumos vegetais até mesmo na sobremesa elaborada por Pía – que coloca o último prato do menu com o devido protagonismo que ele merece.


No menu apresentado, a alga blanca, encontrada na ilha de Galápagos, passa por um processo de dessalga por dias até ficar transparente e é cozida em baixa temperatura na manteiga à base de coco e leva uma espécie de raspadinha também de coco, crocante de levedura e alho negro. A textura da alga é semelhante a de uma lasca de coco fresco e é surpreendente ao paladar.


Já Alejandro apresentou pratos à base de macambo, que é a polpa do cacau branco extremamente saborosa; neapia, nome que batiza o tucupi fermentado por cerca de três meses. Essas são algumas amostras apresentadas aos mineiros, e que os chefs planejam, cada vez mais, colocá-la no mapa da gastronomia mundial – assim como BH também planeja.


“Compartilhamos, em toda a América Latina, de muitos ingredientes em comum, por conta da nossa biodiversidade. Além disso, levo comigo a experiência de que Belo Horizonte consome e valoriza os produtos locais e os chefs difundem a gastronomia daqui com muito amor, emoção e vontade de mostrar ao mundo todo essas tradições que são de família”, acredita a chef Pía.


Além do jantar no Pacato, os equatorianos passaram por alguns hotposts da cidade. No Mercado Central, compraram cogumelos shimeji para incrementar o jeren, um creme feito de farinha de milho com o caldo da cocção. Enquanto Alejandro tinha na ponta da língua o pão de queijo com pernil e queijo Canastra como a iguaria que mais amou em Belo Horizonte, Pía ficou fascinada pela broa de milho e as várias texturas do doce de leite:


“Muito perigoso, dá vontade de ir comendo e comendo”, brinca. Da experiência, Pía sabia exatamente como descrever a comida mineira. “É a comida de casa, das nossas avós, feita para compartilhar, que abraça a gente. Tem muito sabor e tradição familiar”, disse.

Ligações

Outro ponto de parada, antes de deixar Belo Horizonte e seguir para cozinhar no restaurante Evvai, em São Paulo, foi o Projeto Criolo, em Capim Branco, que resgata, cultiva e transforma em produtos os milhos ancestrais. Por lá, os chefs ficaram encantados com as cores avermelhadas das sementes que resgatam a biodiversidade que existe no ingrediente, que liga BH e Quito. Na bolsa, o casal levou amostras e promete fazer uma receita no Nuema como um tributo a Minas Gerais.


Ao comer o angu de milho criolo, Alejandro entendeu como os mineiros levam a sério a importância de deixar o ingrediente como protagonista. “Os sabores de Minas Gerais são bem fortes. É impressionante o que vocês fazem com os produtos que vocês têm em mãos”, diz, citando justamente a simples mistura de fubá com água. “E não olham para fora para saber como cozinhar; são muito puros nesta relação dos ingredientes; não precisam de muito para mostrar a identidade gastronômica de Belo Horizonte. É um dos únicos lugares da América Latina que faz esse trabalho”, avalia ele.


O chef Caio Soter reconhece que esses intercâmbios vão além da chance de comer comida típica de outro país na cidade, sendo uma oportunidade de mostrar Minas Gerais para quem vem ao Estado. “Quando as pessoas têm contato com a nossa cultura, elas ficam encantadas e voltam para o seu país de origem e se tornam verdadeiros embaixadores da cultura mineira”, disse referindo-se aos equatorianos.


Mesmo que existam os 6.455 km que distanciam a capital mineira de Quito, foi possível comprovar o quanto os dois destinos têm em comum não só na similaridade dos preparos. “O trabalho que eles fazem com os ingredientes da terra deles é muito similar o que fazemos aqui em Minas. E assim como Quito está escondida entre Lima e Bogotá, que são cidades que estão no radar gastronômico, BH está escondida entre o eixo Rio-São Paulo”, enumera Caio.


Apesar do destaque do Nuema na lista dos melhores endereços da América Latina, Pía e Alejandro seguem na luta para que sua cozinha ganhe cada vez mais destaque. “Isso dá um gás pra gente fazer isso em BH e receber olhares de fora do país”, disse Soter, que sonha emplacar o Pacato na mesma lista. “Que os latino-americanos brilhem unidos”, encerra Alejandro.


Informações de O Tempo.

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